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Jornal Biotecnologia 
Dia: 15.06.2024 Horário: 19h/20h

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Tema: O que está acontecendo nos oceanos? 

A mineração nos oceanos, também conhecida como um mineração em mar profundo, apresenta um conjunto de perigos significativos para o meio ambiente marinho. A extração de minerais como manganês, cobalto e níquel pode causar danos irreversíveis a esses habitats, impactando organismos que muitas vezes são únicos e desconhecidos. 

Correspondentes: Neide Higashi / Tatiana Moura

A indústria da mineração no mar ameaça a saúde – e talvez a própria existência – das espécies que vivem nas profundezas dos oceanos. Essa atividade pode destruir as estruturas físicas do fundo dos oceanos e os ecossistemas que elas abrigam, levantando nuvens de sedimentos que sufocam os organismos. 

DESTRUIÇÃO DO ECOSSISTEMA IMEDIATO 

Para a vida que cresce em torno das prospecções para mineração no mar, a destruição será ampla. Tanto nas fontes hidrotermais quanto nas crostas ricas em cobalto, o minério é o habitat (Miller et al. 2018). Não há como extrair o minério sem matar a vida marinha ligada a ele. A mineração de nódulos polimetálicos também será muito destrutiva para qualquer organismo que viva diretamente nos nódulos ou no sedimento ao redor deles (Hein et al. 2020), embora, como os nódulos ocorrem em amplas faixas da planície abissal, o impacto geral sobre esse ecossistema de mar profundo pode ser menos grave do que a mineração de fontes hidrotermais e das crostas dos montes submarinos (Niner et al. 2018). Além disso, ao remover estruturas complexas e criar rastros de veículos e trincheiras, a mineração altera a estrutura e a topografia desses ecossistemas – o que afeta as correntes profundas que são essenciais para a dispersão e a migração de muitas espécies (Gausepohl et al. 2020; Girard et al 2020). 

NUVENS DE SEDIMENTOS 

A atividade de mineração em águas profundas produzirá nuvens de sedimentos na área explorada, bem como na coluna de água , (Spearman et al. 2020). Essas nuvens têm potencial para sufocar os organismos ao redor da zona explorada e se espalhar por vários quilômetros além da área imediata. O mar profundo costuma ter correntes lentas e água naturalmente parada e clara, de modo que seus organismos evoluíram sem necessidade nem capacidade de expelir sedimentos de suas brânquias e apêndices de alimentação. Essas nuvens de poeira podem causar grandes perturbações nos ecossistemas do fundo do mar (Van Dover et al. 2017). Podem ainda se estender por uma área que varia de dezenas a milhares de quilômetros, alterando o equilíbrio químico natural da meia-água e interrompendo o funcionamento do ecossistema (Drazen et al. 2020). 

RUÍDO 

A mineração em águas profundas é barulhenta. Veículos coletores se arrastam pelo fundo do mar, também trazendo luz e vibração. A lama de minério é bombeada para a superfície. As embarcações ficam por meses no mesmo local realizando essas operações.  Em seu estado natural, a paisagem sonora abissal profunda é constante e silenciosa (Chen et al. 2021), mas o ruído em um raio 6 quilômetros de uma área de mineração pode passar de 120 decibéis, o limite estabelecido pelo Serviço Nacional de Pesca Marinha dos Estados Unidos para impactos comportamentais sobre mamíferos marinhos (Williams et al, 2022).  O ruído produzido pelo sistema de bombeamento e pela embarcação na superfície, pode ter impactos imprevisíveis nas espécies pelágicas e de meia-água. Esse ruído pode causar estresse, interferir na comunicação e na alimentação, e causar a emigração de animais marinhos, desestabilizando os ecossistemas (Drazen et al. 2020). 

TOXICIDADE 

Os minérios contêm metais que não são prejudiciais em seu estado típico, mas podem se tornar mais tóxicos durante o processo de extração mineral. Novas pesquisas também mostram que os nódulos polimetálicos são altamente radioativos – com concentrações de radiação até 1.000 vezes acima do nível considerado seguro (Volz et al. 2023). O processamento dos nódulos os esmagaria e poderia liberar no ar uma fração dessas partículas, que poderiam ser inaladas. Quando a lama é descarregada de volta ao oceano, os metais radioativos e tóxicos podem envenenar o entorno imediato ou até mesmo se espalhar pelas correntes até os ecossistemas adjacentes e ascender na cadeia alimentar por meio de bioacumulação (Hauton et al., 2017). 

CONFLITO POR ESPAÇO 

Embora costume ocorrer fora da vista do público, a mineração em águas profundas tem potencial para causar vários conflitos potenciais por recursos. As crostas ricas em cobalto ocorrem em montes submarinos que também funcionam como berçários e locais de agregação para espécies de peixes comercialmente importantes, colocando esse tipo de mineração em concorrência direta com a pesca comercial (van der Grient e Drazen, 2021). Outros problemas são a sobreposição a cabos submarinos de telecomunicações e até conflitos culturais (Turner et al. 2019), como a ocorrência nos mesmos locais das  rotas de viagem tradicionais da Polinésia e da Melanésia e a Passagem do Meio. 

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